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O Cortiço | Resumo, Contexto e Cronograma de Leitura

Esta é uma obra que traz um retrato visceral da luta pela sobrevivência, da força dos instintos e da degradação humana em um ambiente hostil. Publicado em 1890, “O Cortiço” é uma das obras mais emblemáticas do Naturalismo brasileiro, escrito por Aluísio Azevedo, o autor não poupa detalhes: o calor, o cheiro, as brigas e os amores proibidos criam uma atmosfera quase palpável do enredo.

🔥 A história se passa no Rio de Janeiro do século XIX, em um período de transformações sociais, urbanização e desigualdades gritantes. A obra critica o capitalismo selvagem, a exploração social e a hipocrisia da sociedade, mas também fascina pelo realismo cru e pela complexidade de seus personagens. O desenrolar é um misto de tragédia e ironia, deixando o leitor intrigado sobre até onde a ambição e o meio podem levar cada um.

🔍 Neste post, você encontrará:Resumo da história Perfis dos personagens principais e secundáriosHistórias paralelas interessantesDescrição do ambiente do cortiçoInterpretação e mensagem da obraCronograma de leitura


📜 1. Enredo e desenrolar da história

A história começa com João Romão, um imigrante português que, com trabalho árduo e métodos questionáveis, transforma uma pequena venda em um império que inclui o cortiço e uma pedreira. Ele explora os moradores — como lavadeiras, pedreiros e prostitutas — e mantém Bertoleza como parceira, mas sonha com mais. 💰 A relação entre João Romão e Miranda é inicialmente marcada pela rivalidade e pela diferença de classes sociais.

Miranda é um comerciante português bem-sucedido que despreza o cortiço e seu dono, considerando João Romão um homem rude e sem refinamento. Já João Romão, extremamente ambicioso, vê em Miranda um modelo de ascensão social e busca superá-lo.

Com o tempo, João Romão enriquece cada vez mais e percebe que, para ser aceito na elite, precisa abandonar seu passado de exploração no cortiço. Ele começa a buscar maneiras de legitimar sua posição social e vê no casamento com a filha de Miranda uma oportunidade perfeita. Para isso, ele se distancia de sua origem humilde e comete sua maior traição: entrega Bertoleza às autoridades, denunciando-a como escrava fugitiva. Desesperada, ela se mata com uma faca, em uma das cenas mais brutais do livro.

Após se livrar de seu passado incômodo, João Romão se torna mais respeitável aos olhos da sociedade e consegue se aproximar da família de Miranda. Ele então casa-se com Zulmira, a filha de Miranda, consolidando sua ascensão social e tornando-se, finalmente, parte da elite que antes o rejeitava.

No cortiço, a vida pulsa com intensidade. Rita Baiana, com seu jeito livre e sedutor, atrai Firmo e, mais tarde, Jerônimo, desencadeando um triângulo amoroso que termina em tragédia: Firmo é morto por Jerônimo em uma briga. Jerônimo, antes um homem honrado, sucumbe ao álcool e à paixão, abandonando Piedade, que se entrega à desgraça. Enquanto isso, Pombinha, pressionada por Dona Isabel e seduzida por Léonie, uma prostituta experiente, abandona seus sonhos de pureza e abraça a vida mundana, um exemplo da influência corruptora do meio.

Outros personagens enriquecem o mosaico humano: Leocádia vive affaires escandalosos, Albino traz uma sensibilidade incomum, e Alexandre tenta manter a ordem em meio ao caos. Henrique, o estudante, é atraído por Pombinha, mostrando como até os de fora são contaminados pelo cortiço. No clímax, um incêndio destrói parte do cortiço, mas João Romão, indiferente às tragédias alheias, reconstrói tudo para lucrar mais.


👥 2. Características dos personagens (principais e secundários) relevantes na obra

🔹 João Romão –Português ambicioso e avarento, dono do cortiço e da pedreira. Ele é obcecado por enriquecer e subir socialmente, explorando os moradores e manipulando quem o cerca. Seu pragmatismo frio o leva a sacrificar até Bertoleza por um casamento estratégico com Zulmira.

🔹 Miranda: Comerciante português, vizinho de João Romão. Orgulhoso e invejoso, vive uma rivalidade com Romão e representa a pequena burguesia que ostenta status. Seu papel é contrastar com a ascensão bruta de Romão.

🔹 Rita Baiana: Mulata exuberante, sensual e independente. Ela é o símbolo da liberdade e dos instintos naturais, despertando paixões e conflitos, como o triângulo com Jerônimo e Firmo.

🔹 Jerônimo: Português trabalhador e inicialmente íntegro, chega ao Brasil com Piedade para prosperar. Seduzido por Rita Baiana, ele abandona seus valores, torna-se alcoólatra e violento, exemplificando a corrupção pelo meio.

🔹 Piedade: Esposa de Jerônimo, simples e dedicada. Sofre com a traição do marido e afunda na miséria e no alcoolismo, sendo uma vítima trágica do ambiente.

🔹 Bertoleza: Escrava fugida que trabalha incansavelmente para João Romão, com quem mantém um relacionamento. Sua lealdade é traída quando Romão a denuncia como fugitiva para se livrar dela, levando-a ao suicídio.

🔹 Pombinha: Jovem delicada e sonhadora, criada por Dona Isabel. Representa a transição da inocência para a corrupção: pressionada pela sociedade e seduzida por Léonie, torna-se prostituta, mostrando como o meio destrói até os mais puros.

🔹 Firmo: Companheiro de Rita Baiana, é um malandro valente e ciumento. Sua rivalidade com Jerônimo culmina em um confronto fatal, destacando a brutalidade do cortiço.

🔹 Leocádia (moradora do cortiço): Lavadeira voluptuosa e impulsiva, envolve-se em um caso com o patrão, Botelho, e depois com outros homens. Ela reflete a sensualidade desregrada e os conflitos passionais do ambiente.

🔹 Leocádia (esposa de Miranda): Ela representa a típica mulher da classe média que, apesar de ter uma posição social superior à dos moradores do cortiço, está longe da elite e vive preocupada em manter as aparências.

🔹 Zulmira: Filha de Miranda, jovem bonita e cobiçada. É usada como moeda de troca no jogo de poder entre seu pai e João Romão, que a desposa para consolidar sua ascensão social.

🔹 Alexandre: Policial mulato, orgulhoso e respeitado no cortiço. Ele traz um toque de ordem e humor à comunidade, mas também mostra a precariedade da vida dos moradores.

🔹 Henrique: Estudante que se hospeda na casa de Miranda. Seduzido por Pombinha, ele representa a juventude burguesa que se deixa levar pelos prazeres do cortiço.

🔹 Albino: Lavador de roupas, efeminado e sensível. Sua figura contrasta com a rudeza dos outros moradores, mas ele também é parte da diversidade caótica do cortiço.

🔹 Botelho: Velho parasita e amigo de Miranda. Cínico e interesseiro, atua como conselheiro de João Romão e instiga intrigas, reforçando a podridão moral da trama..


🔥 3. Histórias secundárias marcante

📌 Pombinha e Léonie – Pombinha, no início da história, é uma jovem inocente, criada sob a rígida vigilância de sua mãe. Ela tem uma educação relativamente refinada em comparação com os outros moradores do cortiço e, por isso, é vista como alguém com potencial para um futuro melhor. Sua mãe insiste que ela permaneça virgem até o casamento, acreditando que isso garantirá sua respeitabilidade. Pombinha se casa com João da Costa, um homem honesto e trabalhador. No entanto, o casamento não a satisfaz emocionalmente nem sexualmente, pois João da Costa é um marido apático e inexperiente e nesse contexto que Léonie entra em sua vida.

Léonie seduz Pombinha e a inicia no mundo da prostituição, tornando-se sua mentora. A relação entre as duas tem um caráter de dominação e descoberta: Léonie apresenta a Pombinha um novo estilo de vida, no qual ela rompe com os valores morais que antes seguiu. Sob essa influência, Pombinha abandona a vida doméstica e se entrega à prostituição, tornando-se, assim, um símbolo da degradação imposta pelo meio social do cortiço..

📌 A rivalidade de Firmo e Jerônimo – O confronto entre os dois é resultado da transformação de Jerônimo, que, ao chegar ao cortiço, era um homem trabalhador e pacato, mas, influenciado pelo ambiente e pela sedução de Rita, abandona sua esposa, Piedade, e adota um comportamento mais impulsivo e violento. A rivalidade nasce do triângulo amoroso que se forma entre ele, Rita Baiana e Firmo.

Firmo, um capoeirista ágil e temido, era o amante de Rita Baiana e ao descobrir o triângulo amoroso tenta intimidar Jerônimo e reafirmar seu domínio sobre Rita, mas Jerônimo, que até então era visto como um homem tranquilo, começa a mudar, deixando de lado sua postura passiva e aceitando o desafio. A tensão entre os dois culmina quando Firmo agride Jerônimo em uma emboscada, golpeando-o com uma navalha e deixando-o ferido.

Depois de se recuperar do ferimento, Jerônimo decide se vingar de Firmo. Com a ajuda de alguns capangas, ele persegue Firmo até uma região afastada, nos arredores de um morro, onde o embosca. Diferente do primeiro confronto, em que Firmo levou vantagem, desta vez Jerônimo está preparado e, num embate brutal, consegue matá-lo a facadas.

A morte de Firmo, um capoeirista marginalizado, não gera grande repercussão, permitindo que Jerônimo siga sua vida. Ele retorna ao cortiço e sua relação Rita Baiana, consolidando a mudança do protagonista de operário disciplinado para um homem entregue às paixões e ao estilo de vida do cortiço.

Piedade, sua esposa, entra em decadência, afundando-se ainda mais no alcoolismo e perdendo completamente sua dignidade.

A morte de Firmo simboliza a sobrevivência do mais forte, reforçando a tese naturalista do romance, em que a lei do mais apto e a influência do meio determinam o destino dos personagens..

📌 O triângulo amoroso de Leocádia, Dona Estela e Botelho – O triângulo amoroso entre Leocádia (moradora do cortiço), Dona Estela e Botelho é mais um dos enredos paralelos que ilustram a promiscuidade e a hipocrisia dentro do cortiço. Botelho é um velho funcionário público aposentado que vive no cortiço e se apresenta como um homem respeitável. Ele se coloca como um tutor intelectual, especialmente para Pombinha, mas na realidade é um libertino disfarçado de moralista.

Leocádia é uma mulher do cortiço, casada com um homem bruto e rude (o livro não menciona o nome do marido dela). Ela se envolve com Botelho como uma forma de escapar da miséria e do sofrimento do casamento, aproveitando o interesse do velho para obter algumas vantagens. Já Dona Estela é casada com Henrique, um homem que a ignora completamente e não lhe dá atenção. Como vive uma relação frustrada, ela também se envolve com Botelho em busca de afeto e companhia, apesar da idade avançada do amante.

Assim, Botelho mantém relações com as duas mulheres ao mesmo tempo, sem que o envolvimento gere um grande escândalo imediato no cortiço, pois relações extraconjugais eram comuns naquele ambiente. O triangulo amoroso não traz grandes consequências diretas para a trama, mas reforça a ideia de que a vida no cortiço é cheia de traições, relações instáveis e busca por sobrevivência emocional e financeira.


🏠 4. Como era o cortiço?

O cortiço, um conjunto de moradias precárias habitado por trabalhadores pobres, no livro ele é quase um personagem vivo na narrativa. As referencias espaciais dadas pelo livro indica que o cortiço era formado por um grande terreno com casas geminadas, construídas de forma rudimentar, onde várias famílias viviam em condições precárias. Havia um pátio central, que funcionava como ponto de encontro, onde os moradores lavam roupas, cozinham e interagiam constantemente. Esse espaço coletivo ampliava a vigilância e a fofoca entre os habitantes.

O espaço físico do cortiço reforça a ideia de que o ambiente molda os personagens. A falta de privacidade e o convívio forçado fazem com que as vidas dos moradores se cruzem constantemente, gerando conflitos, fofocas e transformações pessoais. Esse aspecto espacial também intensifica o determinismo do romance, pois ninguém consegue escapar da influência do meio em que vive.


🎭 5. Mensagem e interpretação da obra

🧐 O Cortiço, de Aluísio Azevedo, é um romance naturalista que busca retratar a influência do meio e das condições sociais sobre o comportamento humano. A obra não apenas descreve o cotidiano de um cortiço carioca do século XIX, mas também expõe as relações de poder, desigualdade social, hipocrisia moral e degradação humana.

A principal ideia do naturalismo é que o homem é produto do meio, da raça e do momento histórico. No livro, os personagens são fortemente influenciados pelo ambiente degradado do cortiço, que os leva a comportamentos instintivos e impulsivos, como violência, traição, ambição desenfreada e vícios.

A obra também critica a sociedade da época, mostrando como a hipocrisia está presente em todas as camadas sociais. No fim, O Cortiço é uma denúncia social poderosa, que mostra um Brasil marcado pela desigualdade, pela falta de oportunidades e pela luta selvagem pela sobrevivência..

✍️ Principais reflexões: ✔️ O meio corrompe e transforma as pessoas. ✔️ A ascensão social, muitas vezes, exige sacrifícios cruéis. ✔️ A sociedade da época era marcada pela hipocrisia e exploração. ✔️ O cortiço simboliza a miséria e a marginalização.


📅 Cronograma de leitura recomendado

📖 Para aproveitar melhor a leitura, siga este cronograma:

1️⃣ Semana 1 – Capítulos 1 a 5 (Introdução e desenvolvimento dos personagens)

2️⃣ Semana 2 – Capítulos 6 a 10 (Conflitos e relações no cortiço)

3️⃣ Semana 3 – Capítulos 11 a 15 (Transformações e tragédias)

4️⃣ Semana 4 – Capítulos 16 a 20 (Desfecho e reflexões)

📝 Dica: Faça anotações sobre a trajetória dos personagens e as críticas sociais da obra.


📌 Conclusão

✨ “O Cortiço” continua sendo um dos retratos mais intensos da literatura brasileira. Seus personagens são moldados pelo ambiente e suas tragédias refletem as desigualdades e contradições da sociedade da época.

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João Avelar

Jornalista Blogueiro, apaixonado por Minas Gerais.

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