Dicas de Estudo

A Hora da Estrela | Resumo e Cronograma de Leitura do livro

Publicado em 1977, A Hora da Estrela é a última obra de Clarice Lispector, uma das mais renomadas escritoras brasileiras, conhecida por sua escrita introspectiva e poética. A história se passa no Rio de Janeiro e reflete um Brasil urbano e desigual da segunda metade do século XX, marcado pela migração nordestina e pelas dificuldades de adaptação à vida nas grandes cidades.

A narrativa é conduzida por um narrador fictício, Rodrigo S.M., que assume o papel de escritor e constantemente reflete sobre o ato de criar a história e os destinos de seus personagens, misturando ficção e metalinguagem em um tom filosófico e sensível.


📖 Enredo e desenrolar da história de Macabéa

A Hora da Estrela acompanha a vida monótona e quase insignificante de Macabéa, uma jovem que sobrevive sem grandes sonhos ou expectativas. Ela trabalha como datilógrafa, come mal, ouve rádio e vive em um quartinho alugado com outras moças.

Sua rotina é quebrada por pequenos eventos, como o namoro com Olímpico, que logo a troca por Glória, e a visita à cartomante Madame Carlota. Através do narrador Rodrigo, percebemos que Macabéa é mais do que uma figura trágica: ela é um espelho da condição humana, da solidão e da busca por significado em um mundo indiferente.


📍 Detalhes da Vida de Macabéa e Mudança para Rio de Janeiro

Macabéa, uma jovem de 19 anos nascida em Alagoas, no Nordeste do Brasil, não parece ter uma motivação clara ou ambiciosa para mudar-se para o Rio de Janeiro. O livro não apresenta um momento específico em que ela toma essa decisão com entusiasmo ou propósito. Sua migração é sugerida como algo quase inevitável, uma consequência da morte de seus pais e da vida difícil no interior. Após ficar órfã, ela é criada por uma tia rígida e repressora, que lhe impõe uma educação severa e cheia de castigos. Quando a tia morre, Macabéa é “enviada” ao Rio por parentes distantes, mais como uma forma de se livrarem dela do que por um plano estruturado. Esse deslocamento reflete a realidade de muitos nordestinos da época, que buscavam melhores condições nas grandes cidades do Sudeste, ainda que Macabéa não demonstre consciência ou desejo ativo por essa mudança.

O livro não detalha o processo da viagem em si — Clarice Lispector foca mais no estado interno de Macabéa do que em descrições logísticas. Sabe-se apenas que ela chega ao Rio de Janeiro sem recursos ou preparação, carregando uma bagagem emocional de abandono e ignorância sobre o mundo. A transição é implícita: de um ambiente rural e opressivo em Alagoas para a vida urbana caótica e indiferente do Rio. O narrador, Rodrigo S.M., não romantiza essa mudança; ele a apresenta como um fato bruto, quase desprovido de significado para a própria Macabéa, que aceita tudo passivamente.


🏠 O Quarto Alugado e as Companheiras de Dormitório

Macabéa vive em um quarto alugado num cortiço ou pensão barata na zona norte do Rio, um espaço precário que reflete sua condição social. O livro não explica como ela conseguiu o quarto — provavelmente foi arranjado por alguém que a encaminhou após a chegada, como os tais parentes distantes mencionados vagamente. Ela divide o espaço com quatro outras moças, descritas como “quatro Marias”: colegas de trabalho ou migrantes como ela, sem nomes ou personalidades destacadas. Essas companheiras aparecem de forma superficial na narrativa, servindo mais como pano de fundo para a solidão de Macabéa. Elas são barulhentas, falam sobre coisas banais e não criam laços profundos com a protagonista, que parece alheia até mesmo à presença delas. Esse detalhe reforça sua invisibilidade e isolamento.


🎨 O Trabalho de Macabéa: Detalhes e Trama Secundária

Macabéa trabalha como datilógrafa em um escritório modesto. O livro não dá muitos detalhes sobre o ambiente laboral, mas sabemos que ela é inepta no que faz — comete erros constantes, como trocar letras ou números, e não tem ambição de melhorar. Seu chefe a tolera mais por pena ou descaso do que por competência. Uma colega de trabalho, Glória, é a única figura que ganha algum destaque nesse cenário. Glória é mais esperta, loira oxigenada, e representa um contraste com Macabéa: ela tem iniciativa e sabe se posicionar socialmente. Não há uma trama secundária elaborada no trabalho, mas a interação com Glória serve como um prelúdio para o conflito amoroso com Olímpico, funcionando como um microcosmo das desigualdades e competições sutis que permeiam a vida da protagonista.


💌 Encontro com Olímpico de Jesus

Macabéa conhece Olímpico por acaso, num momento prosaico que o livro descreve com simplicidade: eles se esbarram na rua, provavelmente perto do trabalho ou do cortiço. Olímpico, um metalúrgico nordestino rude e convencido, inicia o contato, talvez atraído pela fragilidade de Macabéa, que ele vê como uma oportunidade de exercer controle. O namoro é superficial e desajeitado — eles passeiam juntos, trocam poucas palavras, e Macabéa se encanta com a atenção, ainda que não compreenda bem o que sente. Olímpico, por sua vez, usa o relacionamento para alimentar seu ego, contando histórias exageradas sobre si mesmo (como ter matado um homem ou querer ser político).


❤️ Descoberta da Traição com Glória e Impacto

Macabéa descobre que Olímpico a trocou por Glória de forma indireta e humilhante. Olímpico simplesmente deixa de procurá-la, e Glória, com uma mistura de pena e superioridade, revela que agora está com ele. Não há uma cena dramática de confronto; a notícia chega a Macabéa como mais um fato da vida, que ela aceita sem revolta ou choro explícito. O impacto, porém, é sutil e interno: ela fica ainda mais perdida, sentindo um vazio que não sabe nomear. O narrador destaca essa passividade como uma característica central de Macabéa — ela não luta, não questiona, apenas segue existindo. Esse evento a empurra para um estado de maior desamparo, preparando o terreno para o encontro com a cartomante.


💫 A Consulta com Madame Carlota

Após a traição e motivada por uma sugestão de Glória (que, talvez por culpa, recomenda a visita), Macabéa decide consultar Madame Carlota, uma cartomante misteriosa. Ela vai em busca de algo que nem ela mesma entende — talvez esperança, talvez um vislumbre de sentido. A consulta é um dos momentos mais vívidos do livro: Madame Carlota, uma figura gorda e extravagante, lê as cartas e prevê um futuro grandioso para Macabéa, com promessas de amor, riqueza e um “estrangeiro loiro” que mudará sua vida. Pela primeira vez, Macabéa sente uma fagulha de alegria genuína, um brilho nos olhos que o narrador descreve com ternura e ironia. A cartomante, seja por charlatanismo ou intuição, desperta nela uma ilusão que contrasta com sua realidade miserável.


O Atropelamento e a Morte de Macabéa: A hora da Estrela

O desfecho é abrupto e trágico. Logo após sair da consulta, cheia de esperança e caminhando pelas ruas com um raro sorriso, Macabéa é atropelada por um carro amarelo (um Mercedes, detalhe que reforça a ironia de um símbolo de luxo cruzando seu caminho). O acidente acontece em segundos: ela é jogada ao chão, sangra, e morre ali, na sarjeta, enquanto o narrador reflete sobre esse instante como sua “hora da estrela”. Ele descreve a cena com uma mistura de poesia e brutalidade — Macabéa, em seus últimos suspiros, parece finalmente “ser”, alcançando uma espécie de epifania na morte. O motorista foge, e ninguém ao redor se importa muito, destacando a indiferença que marcou sua vida. O narrador se debate com essa conclusão, questionando se a morte foi sua libertação ou apenas o fim inevitável de uma existência sem brilho.


🎨 Quem é Rodrigo S.M. e qual sua função na história?

Rodrigo S.M. é o narrador fictício criado por Clarice Lispector para contar a história de Macabéa, ele é como se fosse a própria Clarice Lispector. Ele não é um personagem tradicional, mas sim uma figura introspectiva e autoconsciente que se apresenta como o “escritor” da obra. Seu nome completo, “Rodrigo S.M.”, aparece logo no início, mas o “S.M.” não é explicado — pode ser apenas uma inicial enigmática ou um eco da própria autora, que brinca com a ideia de autoria. Pelas poucas referencias percebe-se que Rodrigo é um homem culto, sensível e atormentado, que se define como alguém que observa e tenta dar sentido à vida através da escrita. Ele não é um participante direto dos eventos da trama, mas um mediador que reflete sobre a existência de Macabéa e, por extensão, sobre si mesmo.

Seu objetivo principal é criar uma narrativa que revele algo essencial sobre a existência, mas ele se debate com a dificuldade de traduzir em palavras a simplicidade crua de Macabéa sem traí-la ou romantizá-la. Suas frustrações são evidentes em passagens em que ele interrompe a história para questionar seu papel, lamentar a inevitabilidade da morte da protagonista ou confessar sua própria angústia existencial. Ele parece carregar um peso emocional, como se narrar Macabéa fosse também uma forma de confrontar suas próprias limitações e culpas.


🌟 Expectativa para o Leitor

“A Hora da Estrela” é uma obra que encanta e perturba. Com uma escrita densa e poética, Clarice Lispector explora os abismos da alma humana através de uma personagem aparentemente banal, mas que carrega uma profundidade universal. O livro é um convite a refletir sobre a invisibilidade social, o peso da existência e o poder transformador da narrativa. O final, inesperado e carregado de simbolismo, deixa perguntas abertas e um desejo de revisitar as camadas da história. É uma leitura que exige atenção e sensibilidade, mas recompensa com uma experiência literária única.


📆 Cronograma de Leitura

“A Hora da Estrela” é um livro curto, com cerca de 88 páginas (dependendo da edição), mas sua densidade pede um ritmo que permita absorver suas nuances. Aqui está um cronograma sugerido para uma leitura em 5 dias:

  1. 📕 Introdução e primeiras reflexões (págs. 1-20) – Leia a introdução do narrador Rodrigo S.M. e conheça o tom da obra. Reflita sobre as intenções dele ao contar a história de Macabéa.
  2. 📚 A vida de Macabéa (págs. 21-40) – Acompanhe os primeiros passos da protagonista no Rio, sua rotina e personalidade. Observe como Clarice descreve o cotidiano com poesia.
  3. 📝 Relacionamentos e conflitos (págs. 41-60) – Explore o namoro com Olímpico e a interação com Glória. Perceba os contrastes entre os personagens e o narrador.
  4. 🌟 A cartomante e a esperança (págs. 61-80) – Leia sobre o encontro com Madame Carlota e o despertar de Macabéa. Prepare-se para o clímax da narrativa.
  5. O desfecho e reflexões finais (págs. 81-88) – Termine o livro com o impacto do final e as últimas palavras de Rodrigo. Reserve um tempo para pensar sobre o que leu.

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João Avelar

Jornalista Blogueiro, apaixonado por Minas Gerais.

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